segunda-feira, outubro 23, 2006

Edmund Phelps

EDMUND PHELPS – Prémio de Ciências Económicas 2006

Este mês de Outubro foram entregues os Prémios Nobel nas diversas áreas, e a economia não foi excepção. Edmund Phelps de 73 anos foi o galardoado pelo seu trabalho no aprofundamento da questão abordada pela Curva de Philips, onde os efeitos de longa duração e de curta duração da política económica são questionados e onde Phelps prova que ao limitar as expectativas de subidas de preços, se consegue manter a inflação estável, contrariando a teoria da Curva de Philips. Phelps ao arrecadar este prémio consegue um outro feito digno de registo, é que o Prémio Nobel de Ciências Económicas não é atribuído a uma só pessoa desde de 1999.

O seu principal desafio residia numa adaptação da visão implementada sobre a rigidez da relação entre a inflação e o desemprego.

Segundo anúncio da Academia “Phelps reconheceu que a inflação não depende apenas do desemprego mas também das expectativas das empresas e dos empregados sobre a subida de preços e dos salários.”

De facto Phelps concluiu ainda nos anos 60 algo que facilmente se veio a verificar ser de grande importância na estabilização não só de empresas e de empregados, mas acima de tudo, consequentemente a nível de países que tentaram adoptar a sua teoria.

Em 1969, Phelps desenhou uma economia com duas ilhas onde conjugava variáveis e expectativas em que os trabalhadores teriam de decidir entre aceitar trabalhar com o salário do mercado local ou mudar de ilha. Algo recorrente nos nossos tempos pelas mais diversas razões, em que a tomada de uma decisão deste género é sempre proveniente de expectativas relativamente ao futuro. Ora se essas expectativas forem excedidas ou limitadas de forma a termos uma reacção de conformismo, levará no caso dos trabalhadores das ilhas a aceitarem o emprego na sua ilha, baixando dessa forma o desemprego ao mesmo tempo que matem estável a inflação. Caso contrário, ao mudarem de ilha encontram-se de imediato contabilizados como desempregados, ainda que temporariamente. Este princípio das expectativas exageradas aplica-se da mesma forma na subida dos preços, em que, se as pessoas estiverem expectantes na subida dos preços, procurarão de imediato colmatar essa expectativa trabalhando já para poderem sustentar essa mesma subida nos preços futuros, diminuindo dessa forma o desemprego no imediato e levando a uma estabilidade na inflação futura.

Esta teoria virou forma de pensamento para Phelps, e apesar da sua implementação ter sido dificultada pelas mudanças de mentalidades, que entretanto se fidelizaram na curva de Philips ao longo do tempo, este prémio trouxe-lhe o reconhecimento devido à sua causa, à sua carreira.

Phelps detém um vasto currículo sempre ligado a uma virtuosa carreira académica que se iniciou em Yale onde concluiu o seu doutoramento em 1959, seguiu-se Pennsylvania onde se manteve durante vários anos onde escreveu dois dos seus mais importantes livros: “Fiscal Neutrality toward Economic Growth” em 1965 e o Golden Rules of Economic Growth em 1966, e desde 1971 que se encontra como uma das principais figuras do Departamento de Economia da Universidade de Columbia. Em Portugal Edmund Phelps recebeu da Universidade Nova de Lisboa um doutoramento honorário em Outubro de 2003. Um das muitas distinções que tem vindo a receber por todo o mundo desde há uns anos a esta parte.

Fez este mês um ano que no surgimento desta rubrica de economia, procurei colocar um artigo sobre a “Curva de Philips”, o que acabou por não acontecer. A Curva de Philips explica a estreita relação entre as variáveis desemprego e a inflação, que são inversamente proporcionais, ou seja quando um desce o outro aumenta. Se tomarmos como exemplo a economia portuguesa, podemos aferir que num momento em que o desemprego se encontra com um valor elevado (7,7%), a inflação tem-se mantido relativamente baixa (2,2%). A teoria de Phelps prova que esta mesma medida não é linear.

Actualmente em Economia, tal como acontece nas demais ciências, sejam elas sociais ou não, o que hoje é verdade amanhã pode não o ser. Questionar tornou-se para economia algo essencial ao seu desenvolvimento, e os ciclos económicos que sempre existiram deixaram de ser previsíveis aos olhos de quem os estuda e principalmente de quem conta com eles para tomar decisões.

sedento@hotmail.com