segunda-feira, dezembro 19, 2005

27 dias...

Nunca uma foto fez tanto sentido...
Vinte e sete dias, foi este o tempo que o Professor Miguel Lebre de Freitas esteve à frente da Unidade de Coordenação do Plano Tecnológico.
No espaço de seis meses o Governo já nomeou três pessoas para responsáveis desta Unidade que foi bandeira não só da campanha eleitoral de José Sócrates como também, depois de eleito, assumiu a sua importância para o corrente legislatura.
Era o início de um ciclo na Economia Portuguesa. Com uma forte ligação à denominada inovação tecnológica, esta Unidade tendia a ser o elo do governo para o apoio às industrias portuguesas no sentido da modernização. Mas o facto de em tão pouco tempo mudarem-se os responsáveis por tal projecto apenas vem demonstrar a fragilidade de tal Unidade.
A quando da nomeação de Miguel Lebre de Freitas, escrevi sobre a necessidade de estabilidade neste tipo de cargos, pois era e continua a ser de uma importância crucial para o sucesso desta “bandeira”.

Ao ouvir as declarações do Ministro da Economia Manuel Pinho dizendo que o professor Lebre de Freitas foi uma opção temporária para a condução até à conclusão desta fase inicial do projecto, questiono-me sobre o porquê de não o ter dito a quando da sua nomeação a 18 de Novembro.

Assumiu que o Professor Miguel Lebre de Freitas é mais dado à parte técnica do projecto, sendo que o seu sucessor, Carlos Zorrinho, terá e trará melhor comunicação entre os ministérios envolvidos.

Conclusão: Falta qualquer coisa a Miguel Lebre de Freitas que Carlos Zorrinho tem... Talvez o facto de ser independente tenha pesado nesta decisão de colocar alguém do partido, alguém da casa, mas não deixa de ser estranho.

Veremos no entanto quanto tempo ficará o novo responsável no cargo e sempre com a ressalva que alguém se tenha esquecido de dizer algo mais sobre os actuais e/ou futuros colaboradores...

E é esta a transparência que temos no nosso Governo. Quanto aos objectivos do Plano Tecnológico, esses mantêm-se, suponho.
sedento@hotmail.com

terça-feira, dezembro 06, 2005

ano novo, salário novo...

Países €
Luxemburgo 1467
Holanda 1265
Bélgica 1210
Reino Unido 1197
França 1197
Irlanda 1183
Grécia 668
Espanha 599
Malta 557
Eslovénia 499
Portugal 450
República Checa 235
Hungria 232
Polónia 205
Estónia 172
Eslováquia 167
Lituânia 143
Letónia 116


Foi anunciado pelo Primeiro Ministro José Sócrates um aumento do salário mínimo de 3% para 2006, mantendo-se assim Portugal no 11º lugar entre os 18 países da União Europeia que definem o valor base para os ordenados dos trabalhadores (ver no quadro). Portugal aparece aqui com um salário mínimo de 450€ porque, para uma melhor comparação entre países, somaram-se aos 12 meses o subsídio de férias e o 13º mês, pois alguns em países, estes subsídios não existem.


Foi notório o optimismo do Primeiro Ministro já que se tratava de um aumento 0,7% acima da inflação média que se situa nos 2,3%, concedendo desta forma um pequeno aumento no poder de compra dos portugueses.


Teoricamente, existe de facto um aumento no poder de compra uma vez que o salário irá aumentar mais do que a inflação prevista para 2006, e mesmo apesar de toda a contestação por parte dos sindicatos, parte mais activa dos parceiros sociais, este é de facto um bom aumento atendendo ao momento e ao estado da Economia Portuguesa, em fase de ligeira recuperação. Mas na prática temos que ter em atenção diversos aspectos. Vamos por partes:

- A inflação é um termo económico que significa perda de poder de compra do dinheiro que é equivalente ao aumento generalizado dos preços, ou seja é ter de comprar produtos hoje, a preços do ano que vem, com o salário do ano passado. O fenómeno da inflação diminui-nos o poder de compra. E como a taxa está num valor que se pode considerar bastante razoável, permitiu que este anúncio fosse considerado como satisfatório.

- Outra taxa anunciada na mesma semana foi a do desemprego no último trimestre, 7,7%, bastante acima da taxa homóloga, ou seja do mesmo trimestre do ano anterior que foi de 6,8%. Este aumento é preocupante, mas justifica-se com o aumento do número de pessoas à procura do primeiro emprego, em absoluto cerca de 19100 indivíduos, uma boa parte recém licenciados. Com efeito em relação à taxa homóloga este aumento deve-se aos desempregados à procura de novo emprego, 80,7%.

O que muita gente não sabe é que existe uma relação directa entre desemprego e inflação. Dessa relação, em que quando o desemprego aumenta a inflação diminui e vice-versa, podemos concluir que o facto da taxa de desemprego se situar nos 7,7% e da inflação prevista ser baixa, permitiu ao governo anunciar aumento do salário mínimo para os 385,90€.

Podemos desta forma também concluir que em alturas em que a taxa de desemprego seja muito baixa, um aumento no salário mínimo não seja tão sentido porque a taxa de inflação será mais alta, impossibilitando o governo de conceder aumentos de salário acima do valor desta taxa. E aqui notar-se-á a verdadeira perda de poder de compra. Ou seja, à medida que o tempo passa, o dinheiro vai perdendo valor e deixa de ser suficiente para comprar o mesmo que se comprava em anos anteriores.

Mas mesmo com este aumento de 11,24€ o poder de compra não vai sofrer grande alteração até porque diversos produtos, serviços e bens essenciais, como o pão por exemplo, e outros que provavelmente não sendo comuns a toda a gente, são bastante importantes num rendimento familiar, como as despesas com educação, as prestações e mensalidades, os produtos energéticos e os transportes devido ao aumento dos preços do petróleo, todos eles sofreram aumentos e em alguns casos bem superiores aos 3% anunciados de aumento do salário mínimo. Aumenta ligeiramente o salário no fim do mês, mas as dificuldades essas continuarão...
Vemos muitas pessoas falarem de como está e estará a economia, quando o que é prioritário neste momento é que a economia perceba como estão as pessoas para que seja possível ambos melhorarem.
Resta-nos esperar que o próximo ano isso aconteça e que tudo possa ser bem melhor.

Mesmo assim não é nada que nos impeça de ter um Feliz Natal!

Com dados do INE e Eurostat

Simão Costa Cruz


sedento@hotmail.com