sábado, maio 20, 2006

energia positiva...

Mais do que um “slogan” publicitário de uma qualquer empresa de energia apelando à união em torno da nossa Selecção Nacional, esta expressão tende a caracterizar cada vez mais o que realmente está a acontecer com o mercado energético Português.

A factura energética do nosso país atingiu, em 2005, 5540 milhões de dólares, representando cerca de 85% da despesa nacional. Com a contínua escalada dos preços do petróleo, prevê-se que em 2006 este valor seja ainda superior.

Para Portugal este é um recorde no valor que é gasto com o petróleo e seus derivados, levando a que esta situação se torne cada vez mais insustentável.

Qual a solução para este problema?

A História diz-nos que a via nuclear, embora o possa atenuar, e apesar da insistência por parte do Irão em querer levar avante o seu programa nuclear, alimenta diversos riscos e por isso pode não ser a melhor solução.

A data de 26 de Abril relembrou os 20 anos passados sobre o pior acidente da história nuclear, em Chernobyl, que produziu uma nuvem de radioactividade que chegou a atingir o Reino Unido e a Escandinávia. Estima-se que 4000 pessoas morrerão devido a doenças relacionadas com o acidente.

Portugal vê-se assim quase que empurrada para apostar nas energias renováveis. As movimentações com esse intuito fazem-se sentir por diversas empresas e Portugal parece ser um ponto estratégico para tal contribui o posicionamento do nosso país. Beneficiando de várias condicionantes como por exemplo as várias horas de exposição solar, o interesse em aproveitar este recurso aumentou bastante. Além disso, existem outros tipos de recursos naturais como as ondas em que os muitos quilómetros de orla costeira são preponderantes e depois temos ainda a energia eólica, em que a sua exploração começa agora a ter uma especial atenção com a instalação de novos parques eólicos.

Ainda assim o principal entrave parece vir de dentro, pois o nosso Governo aparenta uma “despreocupação preocupante” em relação aos processos de licenciamento de parques eólicos e centrais hídricas que chegam a atingir 15 anos até serem viabilizados. A atitude governamental, que deveria ser de incentivar a eficiência energética, privilegia o consumo através da via fiscal como se pode verificar pelas actuais taxas de IVA, 5 % para electricidade, 12 % para o gás e 21 % para que seja efectuado o isolamento de uma habitação.

Com todo este cenário não se compreende o porquê de processos tão importantes para a nossa economia sejam metidos na gaveta desta forma e quando alguém questiona sobre o assunto a atitude é assobiar para o lado como se nada se passasse, quando a agilização dos licenciamentos é tida como fundamental.

Apesar de todos os entraves, o investimento neste tipo de energias por parte dos promotores atinge valores superiores a 2000 milhões de euros.

As mais valias são evidentes, sendo este o sector mais importante de qualquer economia, podendo afectar desde o desemprego, promovendo uma grande diminuição, até ao aumento das exportações dada a capacidade de produção estimada para o nosso país.

Portugal pode tornar-se pioneiro no que respeita ao nível de aproveitamento das energias renováveis, mas não basta pensar positivo, é necessário ter uma atitude pró-activa concertada para que possamos ter resultados positivos, tal como num qualquer jogo de futebol.
sedento@hotmail.com